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Crianças brincam em orfanato de Porto Príncipe

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Muitos bebês foram abandonados após o terremoto por pais que não tinham mais condições de criá-los

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Crianças órfas e abandonadas aguardam em fila para ganhar sapatos novos, em Porto Príncipe


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Órfãos brincam em orfanato de Porto Príncipe

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Bebê que ficou órfã após o terremoto é fotografada em orfanato SOS Children's Village, em Porto Príncipe

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Pais desesperados abandonam crianças no Haiti


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Simon, 13 anos, chora ao saber que deixará orfanato Enfant Jesus, em Lamardelle, para morar com irmãRukmini Callimachi
Da Associated Press, em Porto Príncipe, Haiti
Semanas depois que o bebê de um ano de idade foi encontrado em uma lixeira, seu pai apareceu.
O bebê estava se mexendo em sua cama, sorrindo e estendendo os braços. Quando o pai não o acariciou, ele começou a chorar e a mover as pernas como se estivesse chutando.
O homem partiu momentos mais tarde e não voltou a ser visto, de acordo com o relatório de um assistente social do Hospital Santa Catarina, localizado em Cité Soleil, uma das grandes favelas de Porto Príncipe, onde a criança está internada.
O catastrófico terremoto que deixou desabrigados pelo menos 1,3 milhão dos nove milhões de haitianos representou a queda final para muitas famílias que mal conseguiam sustentar seus filhos antes do abalo. Agora, vivendo em barracas e sob a chuva, e com suprimentos de assistência cada vez mais escassos, as famílias haitianos começam a abandonar crianças, na esperança de que as organizações de resgate lhes possam oferecer uma vida melhor, dizem trabalhadores assistenciais.
Uma menina de quatro anos de idade foi deixada em uma caixa de papelão diante de um hospital. Bebês são encontrados sozinhos em salas de espera hospitalares. Diante de uma clínica particular, voluntários descobriram uma criança de três anos tendo nas mãos uma sacola com roupas de baixo cuidadosamente dobradas. Um bilhete afixado à roupa pedia que quem a encontrasse cuidasse dela.
Mesmo antes do abalo de magnitude sete, pais pobres costumavam deixar crianças na porta dos orfanatos, onde elas ao menos recebem uma refeição por dia. Agora, o número de crianças abandonadas disparou, diz Tamara Palinka, 37, que ajuda a coordenar os esforços logísticos do hospital de campo da Universidade de Miami que está operando no terreno do aeroporto de Porto Príncipe.
"Conversei pessoalmente com diversas mães e as convenci a não abandonarem os filhos", diz Palinka, que reservou espaço na barraca pediátrica do hospital para as crianças abandonadas, entre as quais uma que foi encontrada engatinhando sobre uma pilha de lixo.
Os funcionários dos orfanatos dizem que eles estão repletos de crianças que não são órfãos.
No orfanato Madre Teresa, por trás de um alto muro encimado por arame farpado, freiras em hábitos brancos cuidam de crianças deitadas em leitos hospitalares. Elas não estão recebendo órfãos, mas crianças subnutridas que serão devolvidas às suas famílias quando ganharem peso. O orfanato requer que as mães esperem lá, porque de outra forma poderiam não retornar.
"Não deixamos que saiam", disse a irmã Genova, uma mulher pequenina que circula entre os leitos e no caminho acaricia uma criança magra e de cabelos alaranjados, um sinal de subnutrição.
Nadine Jean-Baptiste, 35, soropositiva, recentemente deixou Christine, sua filha de dois anos de idade, em um orfanato perto do armazém de carga onde está morando.
Antes do terremoto de 12 de janeiro, ela mal conseguia pagar pelos remédios que sua doença requer e cuidar da filha. E seu marido morreu soterrado no dia do abalo, no restaurante em que trabalhava. Ela ouvia os gritos dele por sob os escombros, mas nada pôde fazer.
Com a perda do marido e da casa, Jean-Baptiste tem de tomar uma decisão terrível: um casal norte-americano expressou interesse por adotar Christine. A mãe, doente, passa noites em claro tentando decidir se entrega a menina, uma garota rechonchuda e com os cabelos presos em trancinhas.
"Amo minha filha. Não quero entregá-la", disse, com tristeza na voz. "Mas não tenho como alimentá-la. Só me resta permitir que alguém mais cuide dela".
A Unicef, agência de assistência à criança da ONU, criou uma linha telefônica para informações sobre crianças perdidas ou separadas de seus pais, mas só forneceu o número a agências do governo e assistenciais ¿por medo de que famílias desesperadas tentassem entregar crianças aos seus cuidados.
O orfanato SOS é um exemplo do que acontece quando uma oferta como essa chega ao conhecimento do público.
As instalações da organização são um oásis em meio ao caos da cidade. As crianças vivem em "famílias", em cabanas fiscalizadas por uma supervisora. Os dias são repletos de atividades, de esportes a artes.
Nas semanas posteriores ao orfanato, o SOS anunciou no rádio que podia receber mais órfãos. No dia seguinte, o número de crianças atendidas quase dobrou, quando os funcionários encontraram mais de 120 crianças em fila diante de seus portões. Nos três meses seguintes, o número de crianças atendidas triplicou.
Mas o SOS logo compreendeu que as crianças recentemente chegadas não eram órfãs, disse a porta-voz Line Wolf-Nielsen. Uma mãe deixou seus três filhos no orfanato, fingindo não ser parente deles e alegando tê-los "encontrado" depois do abalo. Outras famílias enviaram filhos na companhia de amigos ou parentes, para dificultar a localização de quaisquer familiares. Uma das famílias fez seus três meninos decorarem um sobrenome falso, para complicar a tarefa de localizar os pais verdadeiros.
A lei do Haiti requer que os orfanatos tentem ao máximo reunir crianças e suas famílias. Depois do abalo, isso em muitos casos significou reunir crianças a famílias que não as desejam de volta. O SOS está estudando os casos das 300 crianças recebidas desde o desastre, e envia funcionários aos acampamentos de refugiados em busca de seus pais.
"É muito sofrido, mas precisamos concentrar nossos esforços nos casos de maior necessidade. Obviamente, uma criança que tem família é menos necessitada que um órfão sem ninguém", diz Wolf-Nielsen.

Tradução: Paulo Migliacci

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